Com uma boa ideia, vontade de trabalhar e muita persistência, uma produtora brasileira conseguiu desenvolver o primeiro jogo 100% nacional lançado para o PSP, o portátil da Sony. “Freekscape: escape from hell”, criado pelo estúdio paulista Kidguru Estúdios, prova que o mercado de desenvolvimento de games do Brasil é bastante promissor e depende da criatividade dos profissionais.
“O ‘Freekscape’ começou com um trabalho que sempre fazemos que é levar os nossos projetos para o exterior” conta Winston Petty, diretor do Kidguru. “Trabalhamos muito a parte de criação dentro do estúdio e, uma ou duas vezes ao ano vamos para algum evento para encontrar com empresas e apresentar alguns conceitos”.
Assim, “Freekscape”, que conta a história de um diabinho que um dia decide fugir do inferno, chamou a atenção dos executivos da produtora russa Creat Studios. Foi em março do ano passado, durante a Game Connection, um evento voltado para empresas de games que ocorre em paralelo com a Game Developers Conference (GDC) em San Francisco, nos Estados Unidos, que os executivos da Kidguru apresentaram o game. “Levamos dois projetos em estágio bastante avançado e alguns outros conceitos e surgiu a oportunidade de trabalhar com Creat, que teve um interesse imediato”, conta Petty.
Um ponto que ajudou a Kidguru a fechar negócio com a empresa com sede e São Petersburgo, na Rússia, foi o lançamento da linha PlayStation Minis. Ela abrange jogos mais simples, voltados para um público mais casual, que podem ser jogados tanto no PSP quanto no PlayStation 3. “Tínhamos em mente trabalhar o game para a PlayStation Network (PSN) ou para o Xbox 360, mas, no final, o game acabou indo para a rede da Sony, tendo oportunidade de entrar nesta categoria nova dos Minis” conta Flavio Meimbach, diretor da Kidguru.
A mecânica de “Freekscape” coube como uma luva para este novo formato. No game de plataforma, o jogador deve conduzir o diabinho Freek até portais para poder fugir do inferno. Para atravessar os obstáculos, ele deve usar o seu tridente contra os inimigos, mas de um modo totalmente diferente: ele deve capturar ou provocar os monstrinhos para usar suas habilidades. Assim, com uma espécie de tartaruga, Freek pode saltar para locais mais altos, ou com um javali que, quando irritado, lança o personagem controlado pelo jogador para grandes distâncias.
A Creat Studios permitiu que a Kidguru tivesse total liberdade para criar o game, até porque, como explica Daniel Garcia, diretor da Kidguru, o título foi financiado totalmente pelo estúdio brasileiro. “Então, se o jogo for ruim pode jogar pedra na gente, mas, se ele for bom pode elogiar, pois o mérito é totalmente nosso”.
Dificuldades da produção
O desenvolvimento de qualquer jogo de videogame é feito no PC. Mas, para testá-lo e “formatá-lo” para os consoles, são usados kits de desenvolvimento fabricados e distribuídos exclusivamente pelas fabricantes. Quando a equipe estava no último mês de trabalho com o “Freekscape”, os kits enviados pela Sony chegaram os kits. “Quando colocamos o jogo para rodar nos kits, vimos que ele rodava lento demais”, conta Meimbach. “Teríamos que mexer muito no jogo”.
Após algum tempo ajustando alguns detalhes, surgiu uma nova limitação para o trabalho da equipe. “O título tinha que rodar com um terço a menos de processamento para se tornar compatível com o PlayStation 3”, afirma Meimbach. “Tivemos que sentar novamente na mesa para planejar tudo novamente e chegar aonde chegamos hoje”.
Planos para o futuro
Com o sucesso do “Freekscape” na loja virtual da Sony, onde o título custa US$ 5, os diretores do estúdio Kidguru já trabalham nos próximos projetos. Um deles é negociar o “Freek” para outras plataformas e, de acordo com Daniel Garcia, já há conversas para levar o game para a Live Arcade ou para PC, por meio de distribuição digital.
Outro foco da produtora são os jogos para o iPhone. “Em breve lançaremos o ‘Lumaki’, que é o resultado do concurso Games BR, feito pelo Ministério da Cultura, e pegamos uma das ideias escolhidas pelo concurso e criado o game” conta Garcia. “Resolvemos fazer um jogo para iPhone que serviria como protótipo e que poderíamos colocar no mercado para testar a recepção”.
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